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A constância dos meus sentimentos passageiros


O medo de ser irrelevante faz parte do meu dia a dia. Durmo e acordo cercada de antigas preocupações e novas frustrações, pois não consigo encontrar o meu lugar e a minha voz no mundo. Isso dói.

Um dia sonhei em ser jornalista, fazer parte da história como testemunha ocular e noticiar eventos importantes para a humanidade. Nas vezes que tentei, não comovi amigos nem familiares. Foi um desastre — e isso ainda me atordoa, porque me lembra que sou um fracasso.

“Não estou onde queria estar”, repito para mim mesma todos os dias antes de dormir. Eu não descobri se falo isso como incentivo para seguir em frente ou reconhecimento da minha própria derrota. 

Sinto que falta uma parte em mim. Será que é a ausência de uma certeza profissional ou o medo de nunca conquistar os meus objetivos? 

Não posso dizer que não tentei. Foram, uma, duas, três vezes... Até ultrapassar os meus limites. Entretanto, sigo tentando. 

Para ser sincera, eu não esperava estar assim nessa altura da minha vida. Gostaria de ser uma grande jornalista, bastante realizada por ter fiéis leitores, todavia eu estou acostumada a ser medíocre e não tenho nem metade do que gostaria.

E isso é muito irônico. Sempre me chamaram de corajosa, porque nunca tive medo de mudanças. Eu nunca fiz parte daquele grupo de pessoas que ficam estagnadas em empregos, relacionamentos, cidades ou países. Não tenho medo de mudar e do que o futuro me reserva — contudo, tenho receio de não ser bem-sucedida.

Atribuo isso a minha demora em escolher a minha paixão profissional. Eu descobri muito tarde o que gostaria de fazer na vida. Agora, sinto dor no coração e sofro ao ver os outros realizarem os meus próprios sonhos antes de mim. 

A dor é insuportável. O cansaço em ser apenas mais uma é rotineiro. A vontade de ser outra pessoa virou parte dos meus desejos. Não me imagino mais assim. Eu estou perdida demais para conquistar o que almejo. 

Choro na esperança de encontrar respostas. Durmo triste e sem acreditar mais na profissão que escolhi. Os dias passam. Às vezes, esses sentimentos parecem ter ido embora... Mas eles continuam ali. Então, eu sigo em frente, ansiosa pelo momento em que tudo irá mudar e eu estarei onde sempre sonhei.

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