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Sombria, Sonhadora e Sonolenta

Nos últimos meses, minha cama tem sido minha melhor amiga. Além dela, a escuridão do meu quarto (e da minha vida) tem feito parte da minha rotina diária de sofrimento. 

Entre as poucas novidades que vêm e vão, estão meus sonhos. São tantos... Alguns fazem parte de metas e objetivos que desejo alcançar, outros são inspirações ou ilusões do que está acontecendo agora.

O mais lúcido que tive aconteceu ontem. Ele foi, na verdade, uma grande metáfora que eu poderia  utilizar na minha vida, pois meus sentimentos têm me sufocado muito. Nesse sonho, não foi diferente.

Tenho em mente que sou uma pessoa difícil. Cá entre nós, acho complicado me relacionar com as pessoas em geral e odeio ter relações superficiais, pois sempre gostei das profundezas. 

Nunca me contentei com a beirada do mar. Eu sempre quis o fundo. Sempre quis (a)mar. 

Porém, na última tentativa, deu errado. Pouco falei, pouco tentei. Pena que percebi isso dormindo... Sonhando com um amanhã melhor. 

Imaginei que tinha sido presa. Eu não sabia qual era meu crime, mas aceitei tranquilamente e deixei os cops me levarem. Concordei com aquilo e não pensei por um segundo em desistir. 

Não ia delatar meus amigos. Afinal, eles eram meus e moravam dentro de mim — eram os meus sentimentos. Eu não podia delatá-los. Não podia dizer a verdade. 

Por conta disso, passei 20 anos da minha vida encarcerada. Dizia para mim que era justo, não podia desistir dos meus ideais. Precisava lutar, mas acima de tudo, manter intacto meu maior companheiro: o meu orgulho. 

Pensava que sem ele não iria a lugar algum. Mas eu esqueci do principal detalhe: eu não nasci grudada nele. Eu apenas aprendi a conviver junto dele. Sofri com sua solidão, com o medo de amar e acima de tudo com as profundezas de sua obscuridade. 

(abril de 2018)

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