Publicado em 2005, o livro Jornalismo Político, escrito por Franklin Martins, é cada vez mais atual no contexto em que vivemos hoje. Em um ano extremamente polarizado por discussões políticas partidárias, de esquerda e de direita, a busca pela imparcialidade jornalística, um dos principais ensinamentos do autor, é cada vez mais necessária, sempre levando em consideração os interesses da sociedade.
Por meio de linguagem simples e de fácil entendimento, o escritor discorre sobre o jornalismo nas vésperas das eleições em 1950 e em 2002. Antigamente, os interesses e a opinião dos donos de jornais prevaleciam acima de tudo. Hoje, quem manda é o leitor, pois esse paga pelo conteúdo, exige diversidade e informação imparcial. O princípio do jornalismo de levantar bandeiras e oferecer opinião não é mais como antes, pois não se assumem mais tantos pontos de vista.
Esta mudança ocorreu em função da vontade dos jornais de conquistarem públicos de diversas classes, idades e gêneros, aumentarem suas tiragens e, principalmente, separarem a informação do conceito de opinião para informar melhor a sociedade. Nasceu assim a tentativa de buscar a isenção na cobertura jornalística por meio de notícias de cunho neutro, sem caráter partidário como antigamente.
Na obra, Martins também ensina os leitores que ‘a primeira lealdade de um jornalista é com a sociedade’. Isso nos faz refletir acerca do papel do profissional da comunicação e da sua função ética na transmissão de informações. Ele afirma que é impossível separar a ética que permeia as redações da ética do cidadão dentro de sua casa. Preceitos como roubar e mentir não deveriam fazer parte da conduta dos indivíduos, seja onde for. No fim, ou se é ético ou não é.
Dessa forma, é preciso levar em conta os interesses da sociedade em geral para fazer jornalismo. A profissão, que busca informar a população como um todo, não deve supervalorizar a opinião pública do momento, que é baseada na voz participativa por quem é composta. A imprensa deve, sobretudo, lembrar das bases e dos valores enraizados na sociedade, que sempre foram princípios norteadores da convivência humana, independente de quem governa ou governava o país. Os valores éticos e morais da sociedade não podem mudar.
Por ter trabalhado durante anos com cobertura política, em jornais como O Globo e Jornal do Brasil, Martins enxerga o jornalismo político como o mais puro e profissional entre as áreas do jornalismo. Ele ressalva, entretanto, que isso é válido para quem está livre de jogos de poder e sedução, que poderiam deslocar a notícia para algum lado. É necessário ser forte e resistir às tentações e não ser comprado por alguém.
Em relação às fontes no jornalismo político, é indicado pelo autor manter uma certa distância. Martins pondera que, principalmente as fontes mais poderosas, podem querer influenciar, controlar ou intervir nas pautas de um jornalista - o que viola a liberdade de imprensa. Todas têm algum interesse pessoal ou público, individual ou coletivo, legítimo ou escuso, em serem ou não divulgadas. Guardar a identidade em sigilo também é o nosso papel. Entretanto, há ressalvas: se for um caso que tenha interesse público e precisa ser noticiado, pois ameaça à ordem e à democracia, revele a sua fonte. e preze pela sociedade.
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